terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Felicidade é, mais ou menos...





Happiness, more or less, is just a change in me something in my liberty”

É bom quando nos encontramos, a nós mesmos, sozinhos numa sala outrora cheia de vida e movimento. Sozinhos. Ela está calma. Silenciosa. Parada. Eu olho. Oiço. Nada. Só eu e o relógio, na parede, que não pára. Desvio o olhar para o exterior. Vejo movimento, vida. Mas não escuto nada. O silêncio perdura e entranha-se. Eu sei que do outro lado hà vida. Porque a vejo. Mas não a oiço. Por mais que tente. Imagino-o. Imagino o barulho que eu sei que existe, mas que não consigo sentir. Quero senti-lo. Quero ouvi-lo. Não o alcanço.
Uma porta abre-se. O silêncio é perturbado, o meu silêncio. A porta fecha-se. E com ela o barulho desaparece, fica novamente do lado de fora. E para mim, aqui dentro, ele deixa de existir, de ser real. É-me cedido somente o barulho que ainda consigo imaginar, porque outrora o senti, e as memórias precisam de muito mais tempo para serem apagadas, que o tempo em que tenho vindo a viver, em silêncio.
O relógio segue. Eu páro. Descubro que a porta pode ser aberta novamente, agora por mais tempo. Que há uma passagem para o lado de fora. Para o real. Para o que existe. Ali, daquele lado, não precisarei de imaginar mais. Não precisarei das lembranças para o sentir.
Levanto-me. Caminho. Abro a porta. E saio.

Joana Almeida