terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Efêmera, dizem ...



25.09.2009
Ela tinha dos sorrisos mais rasgados que eu alguma vez vira. Expressivo e contagiante. Todos os domingos encontrava-a, radiante e cheia de ânimo. Transpirava vida. Os filhos tinham grande parte das suas expressões. E amavam-na com todas as suas energias. Era uma força da natureza, uma mulher com garra e determinação. Encontrava a felicidade em pequeninas coisas da vida. E era feliz.
Um dia, demonstrou-me que na vida, tudo é possível e que nunca devemos deixar nada por dizer. Especialmente quando gostamos de alguém. Aí, não há lugar para a vergonha de expormos os nossos sentimentos.
Comoveu-me. Fez-me pensar. Fez-me arrepender. Fez-me crescer. Foram palavras que guardo com muito cuidado. Transformaram-se em lembranças, memórias.
Hoje, é uma mulher inerte, apaziguada. Que sofre silenciosamente, para não dar a perceber. Da noite para o dia tiraram-lhe o que demais precioso tinha, a força de viver.
Em vez de um olhar ingénuo, o sorriso rasgado e expressivo, encontro um olhar longínquo e desocupado. Uma desmedida tristeza invadiu-a, e o cansaço tomou conta do seu corpo.
A alma, a sua alma, sobre esta, só ela sabe.


Joana Almeida


Existem dias que não deviam acontecer...